segunda-feira, 18 de maio de 2009

Carta da Profa. Dra. Sandra Loureiro de Freitas Reis



“A Cigarra e a Orquestra é um trabalho de grande riqueza. O texto, o roteiro, a música e a produção, elaborados por Andersen Viana num trabalho didático primoroso com uma pequena orquestra, retrata as possibilidades e dificuldades materiais de nossa realidade educacional. No entanto, demonstra que muito pode ser feito com poucos e modestos meios quando se tem imaginação, conhecimento e capacidade criadora.

Vislumbro um valor na obra não apenas sob o ponto de vista pedagógico. Sob este ângulo, mereceria constar, por indicação do Ministério da Educação, do curriculum de todas as Escolas Públicas - Ensino Básico, Fundamental e Superior - visto que as reflexões cabíveis no campo da apreciação musical podem ser realizadas sob a perspectiva dos vários níveis de consciência, desde o mais elementar até a Pós-Graduação. A utilização mais ou menos eficaz da obra na Escola Pública vai também depender da imaginação, conhecimento, percepção criadora e habilidades pedagógicas do professor, visto que material rico, sutil e diversificado podemos encontrar na fábula musical "A Cigarra e a Orquestra".

A exploração dos símbolos pode nos levar desde a simplicidade com que apreciamos uma fábula até a reflexão metafísica baseada nos signos escolhidos, sem deixar de mencionar que a obra, além de seu valor estético, é uma aula preciosa e bastante eficiente sobre os instrumentos da orquestra, timbres, formas e modos de estabelecer o discurso musical como narração descritiva de uma estória inserida num contexto específico bastante significativo sob o ponto de vista psicológico-sócio-político-educacional.

Sob o ponto de vista musical, senti que o compositor explorou, com a naturalidade de quem conhece o metier, vários estilos e gêneros, perpassando pela música popular e pela música erudita, criando uma atmosfera bem brasileira que pode ser dissecada profundamente, numa análise musical comparativa, também à luz da intersemiose.

É música sábia para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Para músicos profissionais e amadores.”


Profa. Dra. Sandra Loureiro de Freitas Reis (In Memoriam)


Belo Horizonte,15 de Janeiro de 2008

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